Sinceramente, há uma coisa que, desde Sábado, me está intrigar sobremaneira: quando uma equipa está a ganhar por um - zero e sofre um golo, o resultado passa a ser um a um, certo? Se bem me lembro, e corrijam-me se estou em erro, a lei 10 das Leis do Jogo (futebol de 11, entenda-se) dispõe que quando as equipas marcam o mesmo número de golos o jogo é considerado empatado, certo? Os jogos de futebol de séniores têm a duração de 90 minutos, sendo constituído por duas partes de 45 minutos e um intervalo que não deve exceder os 15 minutos, certo? O jogo de sábado não acabou aos 74 minutos, pois não? O meio oficial de desempate na final da Taça da Liga é a marcação de pontapés da marca de grande penalidade., não é assim?
Meus amigos, os dirigentes do Sporting querem convencer-nos da verificação de um nexo de causalidade que os próprios nunca conseguirão provar: a derrota do Sporting não ficou a dever-se ao erro flagrante da equipa de arbitragem. O empate no jogo, sim. A derrota, não. Esta é a verdade dos factos. Qualquer tese em contrário não passa de pura especulação, de uma colocação de hipóteses indemonstráveis.
Erros de arbitragem vão existir sempre. O mesmo se diga sobre os falhanços dos jogadores, treinadores, dirigentes e até mau comportamento de adeptos.
A sociedade aceita de forma pacífica (e como podia não aceitar) algumas alternativas à verdade absoluta. Veja-se o caso da Justiça. Busca-se no tribunal a verdade material mas, quantas vezes, esta é impossível de alcançar. A Justiça basta-se com a verdade meramente formal, muitas vezes errada. No futebol, os paladinos da verdade, procuram encontrar a verdade absoluta, a todo o custo. O futebol é feito por Homens e para Homens. O erro é inerente. Quem decide tem de o fazer em milésimas de segundo, condicionado por factores exógenos (ângulos de visão, movimentos dos jogadores, direcção da bola, comdições atmosféricas, luz artificial, etc.) e endógenos (estados de espírito, fadiga física e mental, pressão provocada por dirigentes, mass media, avaliação do observador, etc.). A verdade será sempre subjectiva: de quem decide. Apenas podemos exigir que os juizes do jogo estejam preparados tecnicamente para que a sua subjectividade esteja, quase sempre, em consonância com aquilo que, por vezes, é objectivamente correcto. Muitas das vezes a subjectividade de quem decide apenas não está de acordo com uma outra subjectividade: a do sujeito da decisão. Contudo, não quer dizer que esta seja a correcta.
Pá, acabem com a palhaçada. Tudo o resto são utopias.