quarta-feira, 2 de junho de 2010

Portugal e o Mundial, rima e não é alfazema




Na baliza, Eduardo certamente, na escolha de Queiroz. Nada a dizer, senão a censura crónica à incapacidade dos guarda-redes portugueses saírem, eficaz e seguramente, dos postes (ligeira excepção seja feita a Beto). Quanto ao sector defensivo, os centrais são dos melhores do mundo e espero que o Bruno Alves não vá dormir em campo e jogue com garra, sendo que o companheiro de parelha, Ricardo Carvalho, oferece certezas. Nas alas, ui, ui e mais uis não dou porque não sou dessas coisas. Paulo Ferreira na direita… Que esteja em boa forma e jogando de forma intensa os noventa minutos, bem pressionante e com muita atenção na marcação de quem lhe aparecer. Na esquerda, será Duda (Queiroz não ia agora alterar a receita da qualificação) e deste jogador do Málaga espero muita concentração e inteligência na antecipação ou no posicionamento defensivo, aquando da presença de um adversário, por forma a não ficar nas covas.
A par das laterais (do meio-campo para trás), o meio-campo defensivo é o nosso segundo grande problema: Pepe irá jogar, mas em que forma? Esperemos que seja cauteloso, não no sentido da poupança física, mas no posicionamento e vontade (que se recomenda comedida) de subir no terreno. Desde já anoto que o Pedro Mendes não será o jogador ideal uma vez que Portugal não irá ter jogos fáceis, contra a Costa do Marfim e Brasil, daí que seja importante um jogador como Pepe. Contra a Coreia, Pedro Mendes já tem um perfil mais adequado, uma vez que antevejo como um jogo com mais posse de bola para Portugal, mas ainda assim acho que é preferível dar rotina de jogo a Pepe. Raul Meireles será naturalmente o elo entre Pepe/Pedro Mendes e Deco.
No capítulo ofensivo e criação de golos, exige-se um Deco ao nível dos primeiros 45minutos de Portugal contra os Camarões. Deco, o Deco está a aparecer e isso será CAPITAL para Portugal ir longe neste Mundial (aqui ficará a herança mais difícil de herdar, no pós-Mundial). Depois, Nani (Simão, vai aquecer banco, porque está com pouca frescura, não arrisca o um contra um e não é factor desequilibrador como se exige a um jogador do meio-campo para a frente). Sobram ainda dois lugares, já com dono: Ronaldo e Liedson. Assumir um 4-3-3, quando se quer que o Ronaldo apareça a finalizar, rouba-lhe fatalmente a possibilidade de protagonizar um grande desequilíbrio ofensivo. Não pode ser. A solução, em humilde crença, é optar por uma solução ecléctica: 4-4-3 no momento ofensivo e 4-4-2 no momento defensivo. Dirão que o futebol é dinâmico, o que não contesto. Concilia-se esta opção, assumindo um 4-3-3 quando em ataque continuado, 4-4-2 quando em transição rápida (o que contra os Camarões foi visível e só não deu golo porque o Ronaldo se mostrou displicente) e sempre 4-4-2, quando sem bola. A pecha deste sistema 4-4-2, quando no momento defensivo, é Nani: ele não sabe fechar nenhum dos corredores. Mentira. Perguntem ao Alex Ferguson e ao Nani que este ano por lá jogou.

Conquistar o Mundial é almejar o impossível hoje. Todavia, conseguindo a equipa galvanizar o seu jogo colectivo ao longo do Mundial, o que exige muito empenho e sorte na forma como tudo se desenrola, durante o jogo (sendo que este ano não há um clube que dê à Selecção uma espinha, um fio de jogo, uma rotina de posições), quem sabe não atingiremos uns quartos ou meias de finais e depois aí, aí é para GANHAR.