quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

TWO HANDED - I

É fácil compreender a origem da máquina a pedais, com duas rodas, dita bicicleta: dois ciclos, duas rodas e força nos pedais, pese embora o outro dissesse nas canetas. No tempo desse belo ícone, chamado Esteves, celebrava-se o humor irónico, subliminar e bem assertivo, hoje, congelados os fedorentos, não sobra resquício de graça, nem a pagar. Minto, não falta aí teatro do cómico, afinal um guloso comedor de palcos, mentirosamente denominado de La Féria, mas dos mais obstinados workalholics. Ora, aqui reside outro insofismável erro: ser o álcool um combustível de trabalho, quando mais de meio mundo e outro resto igual sabem qual o seu uso ou gozo.Quase em rima, digo ócio, sem que o cio aparecesse naquela Cadela muda, que só cheirava cegos, locais onde os egos se perdem e humildemente se buscam significados amplos de vida, como uma bela quinta com piscina, ainda que sem degraus ou armadilhas dissimuladas, não fosse o ego do cego ao céu parar, pela morte irreparadamente acontecida.

Entre altos e baixos, vão-se os pedais e ficamos a penantes, como dantes. Já cá não está quem Esteve(s). Gatos congelados, coelhos contemporâneos, Filipes de Espanha ou Pedritos de Portugal, o humor é tão aquoso como o pior cego é preguiçoso. Aqui reside outro insofismável combustível de trabalho: o álcool é um erro. A duas mãos e um só braço dizemos a loucura do bagaço, sem bagaço. Mas ninguém diga que a falta de senso é insensibilidade. Antes prefiro ser sensor do que censor... E no ascensor social quedar-me no modesto rés-do-cão, o tal que correu atrás da Cadela muda. E mudou... No fundo, toda a gente sabe que uma cadela muda de ração (e de razão) como quem muda de caninos. Só em Abrantes, tudo como dentes. São significados amplos de vida: uma quinta, uma psicina, quiçá até um horto gráfico onde se cultivem erros e couves galegas, ou até acordos com os PALOPS. Pá, Lopes, eu bem te avisei que a crise se ia acentuar gravemente (ou será esdruxulamente)? Agora não te queixes. Dedica-te à agricultura... Ali para os lados do Rivoli anda um gambozino no telhado. Isto está tramado, Lopes. Isto está, tramado.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

HUMIDADE



Ele há chuva, talvez esta das mais fáceis descobertas do Homem, restando os lapsos infinitos de tempo seguintes para a explicar. Nisto serão decisivas regras como a da gravidade, não em forma problemática, mas em simples forma “cai lá de cima”; bem como a deslocação do ar, criando altas e baixas pressões… Ainda lembro de, em aula de geografia, conotar com o mal ou o diabo o terrível “B” de Baixa Pressão. Era assassino e condenatório: “Naquela zona do mapa vai chover.”. Mas há quem goste da chuva – os chamados chauvinistas –, eu, pelo menos, quando me leva o carro, mas apenas por fora.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

E o sonho tornou-se realidade

No dia em que o novo presidente dos Estados Unidos tomou posse - 46 anos depois do célebre e profético discurso de Martin Luther King, produzido em Memphis, sul dos Estados Unidos - vale a pena deixar aqui um pequeno excerto de um sonho que, certamente, nunca fora tão colorido e ambicioso.
Independentemente das ideias políticas, do plano de governação, da maior ou menor resistência aos lobbies que Obama poderá evidenciar, é inegável que a sua simples eleição representa uma mudança radical - e, espero, definitiva - na maneira de pensar da América e do Mundo. Ainda há um longo caminho a percorrer na luta contra o racismo e a xenofobia que, utopias à parte, nunca desaparecerão da sociedade. No entanto, é um privilégio poder viver e assistir a um facto de tão elevada relevância histórica, qual seja a primeira eleição de um presidente negro num país que apenas aboliu a escravatura em 1865, quase cem anos depois do nosso Portugal.

«Eu hoje tenho um sonho!
Tenho o sonho de que um dia todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro serão abatidos: e o que está torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará e toda a carne juntamente verá.
É esta a nossa esperança. É esta a fé que eu vou levar comigo no meu regresso ao Sul. Com esta fé seremos capazes de talhar da montanha do desespero um calhau de esperança.
Com esta fé seremos capazes de transformar as estridentes desanifações da nossa nação numa bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé seremos capazes de trabalhar lado a lado, lutar lado a lado, ir para a prisão lado a lado, bater-nos pela liberdade lado a lado, com a certeza de que um dia seremos livres.
Vai chegar o dia, vai chegar o dia em que todos os filhos de Deus irão poder cantar com o mesmo sentido: "O meu país és tu, doce terra de liberdade, e a ti eu canto. Terra onde os meus pais morreram, terra de orgulho dos peregrinos de todas as vertentes da montanha, que soe o sino da liberdade!" E se a América quer ser uma grande nação isto assim terá de ser.»

Martin Luther King, in "Grandes Discursos Políticos", Editora Ausência, 2005

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

PRORSUS – I

Silêncio branco em muito contraria o mito do silêncio ser de ouro, soubessem isso os Alquimitas e pugnariam apenas por conquistar o silêncio, afinal a dita forma perfeita de som (Pedro Abrunhosa dixit). Sempre que o termo “perfeito” aparece lembro-me dos presidentes de Câmara, o que acarreta pensar em Corrupção, ao fim e ao cabo um vulcão em pleno automóvel.

Em Itália, desde que os vidros não transpareçam o interior do automóvel, nada de ilícito há no acto de … envolvimento passional, isto é, usar uma palavra-passe em português, tão bela escarpa ocidental-marginal do Europeu Continente.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Haiku - I

A neve pousa
na cidade plúmbea.
Silêncio branco.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

POLÍTICA ESFÉRICA

Ocorreu ontem a tentativa de fuzilamento de Sócrates. Então? Não havia ele morrido por envenenamento na ida Antiga Grécia? Tentativa, pois houve momentos alguns não aproveitados pelos Srs. Entrevistadores (ler comentadores) em que deram espaço a uma resposta. Se dividíssemos a "entrevista" em 100 momentos, talvez em dez deles os ditos Srs. Entrevistadores tenham esperado a resposta do P.-M. Post-midnight? No meio da noite, são já 04 horas da matina o que em nada combina com matinal ser da manhã. Quem bem amainou foi a nau encarnada, perdendo a liderança na regata da Liga Sagres: nisto aplauda-se o Desporto, permitindo tão lauta variedade de líderes: Sporting, Leixões, Benfica e F. C. do Porto: ao menos, ao início e ao meio, há democracia; no fim nem se hestie: a normalidade azul Norte!

Sócrates esteve Reguila, contra uns jornalistas que não são Tulipas que se cheirem. O discurso da esperança saloia já não pega. Há que enfrentar o touro pelos cornos e não ficar à espera de uma mente brilhante que, qual messias ou Barbosa, venha resolver tudo com um só toque. Todos temos cérebro. Pensemos, irmãos… antes de pôr a mão à bola ou à bala.

Não há volta a dar, é altura de entrar pela Madeira dentro. O CR 10 do Dragão fez chorar o CR 7, que foi o melhor do mundo sem saber andar de bicicleta.

Na febre de Sado à noite, não há vento que leve tudo e mais o levezinho. O Carriço puxou de mais a carroça e os leões mal domados, sentados no banco dos pneus, saltaram que nem uma mola, em uníssonos rugidos. Calmaria, meus senhores, que a tempestade vem perto. Até lá, construiremos a arca com o Beto à baliza, digo eu. Noé?