quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Equipas Portuguesas no Abroad




Hoje, quinta-feira, já depois do Braga se ter qualificado para a ronda seguinte (jogando um belo futebol, num perfeito ecletismo entre ideias tácticas dos anos noventa e outras bem mais actuais), resta pensar o futebol de terça e quarta. Em Alvalade, o menos interessante seria o resultado (como já o fora num dos jogos com o Barcelona na fase de grupos), não fosse esta, agora, uma prova a eliminar. Os miúdos (na sua maioria todos abaixo dos 24 anos) tiveram uma lição de futebol eficaz e paradigmática do que é também ser um grande jogador como Luca Toni ou Franck Ribery: ter aproveitamento, eficácia. No resto, uma vez mais o triste exemplo de uma época (ou de sempre): uma vez a perder, uma vez ameaçado o plano traçado para o jogo, emerge o desespero e o individual pensar do individual executar. Até ao ano, portanto.
Resta o meu sentido Porto, resta a equipa que imparcialmente não observo. Teimo na inadequação da filosofia do Mister Jesualdo à lógica/mística/identidade do F. C. do Porto, mas que resulta em jogos como o de Terça (defesa adversária com a linha subida), haja ainda eficácia executória. Era um sonho vencer a Liga dos Campeões, nem que praticando este futebol, daí que aplauda a vitória, mas não deixe de, mesmo nesse caso, apontar forma diversa de jogar, baseada em posse de bola continuada.

Hasta lá vitória!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

É Carnaval...

Já navegava eu pelo alto mar electrónico (reparem na camoniana narração in media res), quando me deparei com a seguinte "adamastórica" notícia: "O Ministério Público de Torres Vedras ordenou hoje a autarquia a retirar os conteúdos da reprodução de um computador Magalhães que estavam expostos no "monumento" por considerar que se tratavam de "imagens pornográficas".
O chamado "monumento" ao Carnaval, cuja inauguração marca o início da época de folia na cidade, dedicado este ano à temática das profissões, mostra um adolescente a pensar no futuro, com um computador Magalhães, que apresentava pequenas imagens de nus femininos."

Ora, desde logo, houve uma coisa que me intrigou profundamente nesta notícia: o facto de o Minstério Público ter "ordenado" alguma coisa. Eu, que sou um reles jurista, gostaria que alguém me explicasse, com o mínimo de pormenor e rigor, que processo é este em que o MP ordena coisas, e, já agora, qual a base legal dessa ordem, bem como qual a forma que a mesma assume.
Peço desculpa pela minha ignorância, mas eu sempre quis ser jardineiro... O meu pai é que me incentivou, de forma a(cinto)sa, a ir para direito.
Não obstante duvidar da validade formal da "ordem" emitida pelo braço jurídico da República, não posso deixar de concordar integralmente com o seu conteúdo.
Mais. Os responsáveis pela brincadeira de mau gosto deveriam ser punidos exemplarmente por ultrajarem e desrespeitarem de forma abjecta esse nobre símbolo da soberania nacional que é o "Magalhães". Se dessem um toquezinho de samba à "Portuguesa", ou utilizassem uma bandeira para aquecer as mãozinhas, não era coisa grave... Agora, gozar com o Magalhães, nunca! Isso não é um crime contra o estado, é um crime contra a própria humanidade.
Ainda para mais, querendo insinuar que os adolescentes utilizam o computador para ver pornografia. Além de ser de um profundo mau gosto, é de uma falta de originalidade atroz. Toda a gente sabe que adolescentes que utilizam os seus Personal Computer's para ver pornografia é coisa que não existe.
É isso e gajas nuas no Carnaval. Não combina, pronto.
Por isso, para mim, está muito bem ordenado, Sr. Ministério Público.

Ah. Sporting - 3 Benfica- 2

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Análise da Jornada ou A Ascensão e queda do futebol português




(Capa do jornal A Bola de 16.02.2009, in www.abola.pt)
O nosso campeonato sempre foi sítio hospitaleiro para grandes goleadores, quer estrangeiros, quer portugueses, conseguindo alguns deles tornarem-se, mesmo, os reis da Europa - vejam-se os casos de Eusébio, Fernando Gomes ou Jardel.
Contudo, de algum tempo a esta parte, a pequena semente da mediocridade tem vindo a medrar silenciosamente no seio da outrora fértil terra dos relvados portugueses. O que até se compreende e aceita, tendo em conta a actual conjuntura económica e financeira que obriga os clubes a preterir a qualidade dos jogadores em razão do preço dos mesmos - ou seja, como quem comprasse jogadores na loja dos chineses.
Este difícil período não fazia, no entanto, prever a catástrofe natural que assolou o nosso campeonato no passado fim-de-semana.
Aquela pequena erva daninha de medicridade tornou-se, da noite para o dia, uma árvore enorme e frondosa que cobriu de negras sombras os nossos arejados e coloridos estádios.
Os efeitos catastróficos de tal fenómeno (sobre)natural fizeram-se sentir particularmente de forma mais intensa em Belém, no Dragão e na Luz.
Foi nestes famigerados recintos que os infortunados espectadores tiveram oportunidade de assisitir a um dos espectáculos mais degradantes e humilhantes para o nosso futebol: os golos de Hélder Postiga, de Ernesto Farias de Di Maria.
Quando jogadores desta craveira técnica marcam golos pelas respectivas equipas, e mais, quando os seus golos são decisivos para a vitória dos seus clubes, é sinal de que algo está podre no reino da Liga Sagres.
Meus amigos, é oficial: o futebol português está prestes a bater no fundo. Quando um clube, por muito pouco dinheiro que tenha, não encontra Guarda-Redes ou Defesa Central capaz de parar os remates desengoçados destes maçaricos, não vale a pena procurar mais... Mais vale fechar a loja e abrir um clube de bilhar, ou até de malha ou sueca, se a massa não for muita.
Acho que em situações desta gravidade, a F.I.F.A. devia intervir e ordenar a suspensão de todas as competições futebolísticas nacionais até se apurarem os responsáveis por tais irresponsabilidades, após um inquérito rigoroso e exaustivo.
Não estejamos com paninhos quentes, ou falsos optimismos. A situação é preocupante... Tanto mais porque no próximo fim-de-semana é jornada de derby. Sabe-se lá o que pode acontecer: o Balboa a fintar um adversário? O Miguel Veloso a sprintar? O Bynia a jogar 2 minutos sem ver um cartão? Ou ainda pior, o Paulo Bento a fazer risca ao lado...
E ainda dizem que o dia do azar foi sexta-feira 13. Né?Né?

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Que dia é hoje?

É cedo.
O medo assaltou-me o torpor dos sentidos
na madrugada.
O caminho começa
muito antes da estrada.
Saio para a rua sob as luzes da cidade,
já quase inúteis ante a aurora inevitável.
A velha peixeira embrulha um sável
numa folha de jornal.
Um homem passa de mãos nos bolsos
e cospe uma tosse antiga e mortal.
Uma puta olha-me sem qualquer langor,
descrente na lua e no amor.
Que dia é hoje?

É tarde.
Os sentidos entorpeceram-me o assalto da hora.
A estrada acaba enquanto caminho.
Saio para a cidade sob as luzes da rua,
já quase inevitáveis ante a noite inútil.
Um velho jornal embrulha a peixeira.
Uma tosse antiga e mortal
cospe a mão de um homem que passa.
Uma lua olha-me sem qualquer langor,
descrente nas putas e no amor.
Que dia foi hoje?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

JORNADUS VISTAS

Numa noite de muita alma ao rubro, o espectáculo não defraudou bandeiras de entusiasmo. Foi emotivo. Ainda assim revelou-se previsível, com a estratégia portista de transições rápidas a diluir-se à medida que o Benfica melhor interpretou e aplicou mecanismos de contenção. Pelo meio, simpáticos golos de bola parada a destoar a regra de cautelosa normalidade, recíproca e frequente nestes clássicos. A reter, a tristeza dum portista - a minha, talvez partilhada por outros - de que falta um "armador" de jogo. Lucho é, principalmente, um médio de cobertura (jogou muito a interior direito), ainda que com uma magia de toque de Midas na bola, mas não chega à irreverência e imprevisibilidade dum construtor de jogo. Ao Porto, faltam, pois, jogadores, já que do banco nada surgirá. Quanto ao Benfica, uma soma de jogadores desmotivados, sinónimo de emprestados, que está em pleno processo de construção, começando pelo óbvio: defesa, que diria já relativamente eficiente. O ataque, esse, apareceria na próxima época, mantivessem eles os jogadores. E Alvalade? Tardam em calejar os miúdos, que tardam em sair do clube... Foi justa a vitória dum Braga muito ex-azul, ou não tivessem Luís Aguiar, César Peixoto, Renteria, Alan, entre outros, sido essenciais em mais um bom jogo dos arsenalistas, todavia muito aquém do augúrio do início de época: Braga candidato a campeão. Até à semana.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Two Handed II

Libertem as Portas da Alta Merda ou, em inglês, Freeport de Alcochete. Primos e tios à parte, permitam-me um aparte inquiritivo bem directo: quando pára de chover? Isto dito ou aqueloutro pensado, ainda não me dou por terminado, ainda que minas não tenha e descampado só um quintal de traseiras largas, mas sem vista para a rua que não se destrói ou cai, mesmo sendo rua o presente do conjuntivo do verbo ruir. Palavra tão em voga se junta com economia de mercado, que o digam ou apenas o chorem os clientes do BPN, que, em sigla irreal, se lê Bando Paliativo de Notas. Denotas o quê?"

Denoto uma subtil inveja das gentes AmAricanas e o seu sonho de traseiras largas... tanto MacDonald’s é no que dá. Por cá, estamos com os azeites, com o nosso pequeno Watergate... ou Portão de Água, como diriam os espanhóis. Mas não vos preocupeides...Há-de parar de chover mais depressa do que a Liga saberá fazer regulamentos e o Conselho de Justiça fará aquela que o seu nome pretensiosamente propõe. Amanhã seremos juniores novamente – como o estranho caso do outro – e mais Madrid aqui tão perto , ainda que sem TGV. Toda a Gente Vê que é tão longe daqui a Lisboa como de Lisboa aqui. Se amanhã estivermos verdes, no Sábado seremos maduros... e talvez mais duros, dependendo do estado do terreno – solteiro ou molhado.