Lembrar-se-á alguém das 7h30 de 14 de Julho de 1996?
Eu lembro. Eu lembro do sol, do sol onde acordei depois da noite de solteiro, noite de despedida de solteiro. Foi nesse dia que casei, depois de ter acordado encostado a um pano de barraca, num areal. Rememoro ainda, além do cheiro a areia molhada, o porquê daquela decisão de casar, daquele anúncio ao mundo que é um casamento; do porquê de festejar, não a união entre duas pessoas, mas a partilha entre duas pessoas de um tudo de 99%.
Sou um iluminado, acusem-me disso, da arrogância de saber o que é o amor. O inocente e fraco colectivo, vivendo nessa ignorância, não arca com a inerente responsabilidade de o ter, de o domar, de o tudo...(tenho para mim que o comum mortal prefere negar a consciência de saber/"cerebralizar" o que é o amor e, destarte, evitar a sua complexidade).
Ela é a vida. Ela é a fonte. Nela espelho o amor. Dela retiro prazer por me olhar. Dela retiro prazer ao olhá-la. Ela não me admira, ela não me coloca num plano de virtuosa intelectualidade, mas move-a apenas a paixão, a paixão por mim, pelo que eu sou. Sabe bem ser e disso resultar paixão. Falo do sentir dela, mas é indistinto ser nesse sentido ou no oposto. É uma verdadeira reciprocidade, simultânea e sem interrupções. É amor.