segunda-feira, 29 de junho de 2009

7h30 de 1996


Lembrar-se-á alguém das 7h30 de 14 de Julho de 1996?

Eu lembro. Eu lembro do sol, do sol onde acordei depois da noite de solteiro, noite de despedida de solteiro. Foi nesse dia que casei, depois de ter acordado encostado a um pano de barraca, num areal. Rememoro ainda, além do cheiro a areia molhada, o porquê daquela decisão de casar, daquele anúncio ao mundo que é um casamento; do porquê de festejar, não a união entre duas pessoas, mas a partilha entre duas pessoas de um tudo de 99%.

Sou um iluminado, acusem-me disso, da arrogância de saber o que é o amor. O inocente e fraco colectivo, vivendo nessa ignorância, não arca com a inerente responsabilidade de o ter, de o domar, de o tudo...(tenho para mim que o comum mortal prefere negar a consciência de saber/"cerebralizar" o que é o amor e, destarte, evitar a sua complexidade).

Ela é a vida. Ela é a fonte. Nela espelho o amor. Dela retiro prazer por me olhar. Dela retiro prazer ao olhá-la. Ela não me admira, ela não me coloca num plano de virtuosa intelectualidade, mas move-a apenas a paixão, a paixão por mim, pelo que eu sou. Sabe bem ser e disso resultar paixão. Falo do sentir dela, mas é indistinto ser nesse sentido ou no oposto. É uma verdadeira reciprocidade, simultânea e sem interrupções. É amor.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O RESCALDO





Contam-se hoje 15 dias decorridos, desde o dia das eleições europeias neste rural (no sentido de não evoluídas mentalidades e iliteracia universal)país português. Houve uma vitória social-democrata que não ignoro; baseada em quê não me atrevo a indagar, senão na competência discursiva de Paulo Rangel.


Aventar uma censura ao Governo ou uma crença numa Europa social-democrata, apoiada na individual iniciativa e na minimização da intervenção do Estado são possibilidades que não quero crer como os reais fundamentos desta portuguesa votação nas Europeias. Censurar o Governo em eleições que decidem a composição do Parlamento Europeu? De deputados Europeus organizados de acordo com famílias políticas europeias? Eleições que ditam o sentido de boa parte das "leis" europeias, mais sociais ou mais liberalistas no sentido de um mínimo intervencionista, quase só regulador?


Nisto jogar a Europa, num mero instrumento de censura ao Governo Nacional só mostra a ruralidade deste país e desta Europa porque toda ela, ou muito boa parte dela, escolheu a social-democracia. Não esqueça o povo que a integração europeia sempre teve como fio-de-prumo um modelo mais ou menos federalista e ser-se internacionalmente federalista é ser-se europeiamente socialista. Não rejeito outras correntes políticas algo distantes, mas é no socialismo que mora a integração europeia, entendida mais lata ou mais estritamente. O triste é que o povo, chamado às urnas, não soube ao que ia e há-de continuar a não saber, tão cedo não se transfigure o actual sistema político. Assim não serve.


Mudar em que sentido? Começar sempre pelos alicerces, ou seja, incentivar a participação dos cidadãos no poder local e na escolha da sua rua, da sua zona e da sua freguesia. Educar para a intervenção democrática. Para quando referendos locais sobre questões locais, tão banais na Europa Nórdica?

Just fucking wondering.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Do defeso

Ainda há pouco começaram as férias futebolísticas e já variadas notícias animam e mantêm viva a chama dos amantes do desporto rei.


Antes de mais, Bettencourt foi notícia no Sporting, ao vencer de forma esperada as eleições do clube. Já totalmente inesperadas e de profundo mau gosto foram as suas investidas musicais pelos cânticos da Juve, nos festejos da vitória.

No Porto, o lateral esquerdo Cissokho protagonizou, talvez, a transferência mais surpreendente da história do futebol, ao passar, em apenas 1 ano, da 2.ª divisão francesa para o Vitória de Setubal, do Vitória para o Porto, e daqui para o A.C. Milan, inflaccionando o seu preço cerca de 50 vezes mais.
Mais surpreendente foi, no entanto, o cancelamento da mesma transferência, alegadamente devido a problemas dentários do jogador. Diga-se de passagem, também não foi cavalo dado.
Sugiro que, quando o rapaz regressar ao Porto, o Bruno Alves lhe parta a cremalheira num treino(acidentalmente é claro), e lhe seja colocada uma dentição completa, toda em ouro maciço. Pode ser que assim o Milan o aceite. Pelo menos já justificava mais o preço.


Last but for sure not the least, temos o grande Benfica e a grande contratação do grande Jesus. Na conferência de imprensa de apresentação demonstrou, logo, qual deve ser o verdadeiro espírito de um treinador do Benfica quando disse: "À semelhança do que aconteceu em todas as equipas por onde passei, os jogadores do Benfica, para o ano, vão jogar o dobro do que jogaram este ano... E o dobro se calhar é pouco." Foi desta forma elevada e seimpática que Jorge Jesus, o Rei da Táctica, passou um atestado de incompetência não só a Quique Flores, mas a todos os treinadores que o antecederam em todos os clubes por que passou.
Com um discurso ambicioso e corrosivo, as suas tácticas infalíveis, uma farta cabeleira grisalha e a forma determinada como masca chiclete no banco de suplentes, Jorge Jesus concilia o estilo de grandes treinadores europeus. É um José Mourinho com a quarta classe, um Guardiola de água-doce, um Trapattoni de algibeira e um Alec Fergunson de trazer por casa.

quarta-feira, 10 de junho de 2009