terça-feira, 16 de março de 2010

Lei do(a) T(rolha)

Na terceira tábua do andaime a contar do chão, o mestre de obras pregava para os trolhas, pedreiros e serventes que o olhavam, obedientes, de pescoços esticados:
- Quando a obra estiver a ficar pronta e faltarem uns 60 dias para a entregar ao dono, ninguém pode dizer mal da construção. Ouviram?
Os outros abanavam as cabeças em sinal de afirmação.
- Se o dono da obra desconfia que alguma coisa está mal feita, arranja-se aí um 31 que nunca mais nos safamos. Depois ficam vocês a trabalhar noite e dia que se lixam. - continuou o mestre.
- Mas ó chefe - interpelou um pedreiro mais preocupado - e se houver uma parede meia torta ou uma viga a ceder?
- Pois é, chefe - avançou um pintor - e se o verniz da tinta estiver mal aplicado? Às primeiras chuvas aquilo vai sair tudo.
- Ó mestre, e se houver telhas partidas? Às vezes acontece - observou outro trolha.
- Caralho, cambada de burros - irritou-se o mestre de obras. - Qual foi a parte que não perceberam? Nem que a puta da casa caia logo a seguir à gente se pôr a andar daqui para fora... Ninguém abre a boca, carago. Desde que não caia na minha cabeça, estou-me pouco cagando. Quando derem por isso já estou no Brasil. E se alguém vos perguntar, vocês dizem que não sabem nada e que nunca aqui trabalharam. Estamos entendidos?
- Sim, chefe - responderam os trolhas em uníssono.

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